Continuando o trabalho de disponibilização do catálogo do Graveola nas plataformas digitais, a Deck lança em Novembro o álbum “Um e Meio”. Lançado originalmente em 2010 e com doze faixas, o segundo álbum do Graveola é um trabalho de produção caseira, muito relevante para a banda, que partiu do impulso de registrar novas composições (janeiro de 2010), de modo que o próprio processo de internação passou a alimentar a vontade de criar. É um produto que amplia o universo estético do grupo com composições díspares, participações inusitadas e experimentos fonográficos capengas.
Trabalho que rendeu ao grupo a indicação de melhor banda de pop/rock no 23º Prêmio da Música Brasileira, “Eu preciso de um liquidificador” é um disco que revela o ímpeto do Graveola por misturar cada vez mais elementos em sua massa sonora. Com uma (des)pretensiosa mistura entre o erudito, o lixo cultural, o lirismo político e a experimentação de amabilidades sonoras, é difícil etiquetar o disco em estilos e gavetas sonoras.
Muito “diversificado é o conjunto de ritmos, sons e incontáveis referências que borbulham enquanto se desenvolve o álbum. Sejam as pequenas transições pelo Jazz e a Bossa Nova em Canção para um Cão qualquer e Inverno, o samba em Desenha (lembrando muito os Novos Baianos do disco Acabou Chorare) ou mesmo todo o clima caliente de Desmatelado, tudo se representa de maneira vasta, como um grande passeio por diferentes épocas, estilos e preferências musicais.”
No álbum, nove das catorze canções celebram o movimento versus a inércia. As músicas: “Desmatelado”, “Canção para um cão qualquer”, “Babulinas’ trip” que trazem em suas letras frases como “você recebe tudo em casa sem sair do seu sofá! / Eu quero a onda que me leve até você”; e “mobilidade pelo mundo/ amabilidade”, refletem as experiências vividas pelo Brasil e exterior que marcam a história do grupo.
As aspas são de Cleber Facchi, criador do Miojo Indie.
Este meio disco é um inventário de rascunhos, estudos e experimentos não exatamente finalizados, dispersamente produzido com a participação de vários amigos entre junho de 2012 e dezembro de 2013. Nele se podem ouvir impressões variadas dos afetos, projetos, viagens e desencontros da comunidade em movimento chamada Graveola.
Homônimo ao nome da banda à época, o disco traz experimentações sonoras muito características do grupo, desde o seu princípio. Copos, chaveiros e até uma lixeira em desuso traçam camadas e texturas às músicas, formando canções cheias de ramificações e muito experimentalismo. Um liquidificador suspenso com espaço para tudo. O gosto pela liberdade e a aversão às redeas e cabrestos. Graveola e o Lixo Polifônico é apenas mais um detalhe de toda essa construção, ou desconstrução, como preferir. O lixo é o centro das atenções, e dele são criados experimentalismos para mostrar seu imaginário “lírico-urbano-de-noticiário-de-rádio-AM-terceiromundista.