Para a cantora e compositora Ana Gabriela, uma música começa por uma grande inspiração: “A música fala, o instrumento traduz/ Meus pés saem do chão enquanto minhas cordas vocais tremem, e às vezes temem/Mas eu me preparo anos antes para o que está por vir agora”, assim ela conta no interlúdio de seu segundo álbum de carreira, “Degradê”. Sem se ater à rotulos, ela experimentou flertar com outros estilos musicais como o samba, bem marcado em faixas como “Degradê”, “Teu Samba” e “Segredo”. Inclusive o título “Degradê” vem dessa ideia das canções mudarem um pouco de textura, mas sempre de forma harmônica, dialogando umas com as outras. “Hoje me sinto muito livre para compor, mais segura e corajosa desde o lançamento de Ana, seu primeiro disco, em 2021” – comenta. A única canção que não é de autoria da Ana Gabriela é “No Escuro” (Ana Caetano), que ela canta com a dupla Anavitoria, artistas de sua geração. “Sou muito fã e elas foram muito generosas comigo. Foi incrível, memorável, um grande marco da minha carreira” – disse Ana. Ana Gabriela sempre fez música pop, desde quando começou, fazendo covers no YouTube, cerca de 7 anos atrás. E mesmo tendo um vasto arsenal eletrônico à sua disposição, muito comum no pop contemporâneo, ela se concentra na busca por uma sonoridade orgânica. “Ela gosta da MPB clássica, sempre com músicos tocando, e isso vem um pouco até desse flerte dela com o samba. Eu vejo poucos artistas hoje fazendo essa união, fazendo esse traçado do pop com o samba de uma maneira tão latente, com surdo, tamborim, cavaquinho e sampler da Alcione.” – comentou o produtor Rafael Ramos. Por esse mesmo motivo Ana Gabriela reúne um excelente time de músicos que são Thomas Harres (bateria), que já tocou com Elza Soares, Gal Costa, Bala Desejo e outros, Alberto Continentino (baixo), que toca com Caetano Veloso e já tinha gravado no álbum anterior da Ana, Rodrigo Tavares (teclados), que toca com Caetano e acompanhou Seu Jorge por muito tempo e traz esse diálogo com o samba, com os timbres contemporâneos e ao mesmo com o groove dos anos 70 e o Tavinho Menezes (violão e guitarra), que hoje está na banda do Lulu Santos. Completando com Bernardo Martins e seus samples e programações mais modernas. Além do produtor Rafael Ramos, que já vem produzindo o trabalho dela há alguns anos. “Degradê” é o desabrochar de uma compositora cada vez mais plural e uma cantora cada vez mais interessada em novas experiências.