Elza Soares – Elza Ao Vivo No Municipal

Elza Soares – Elza Ao Vivo No Municipal

TRACK LIST
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  • Meu Guri - Ao Vivo
  • Dura Na Queda - Ao Vivo
  • O Morro - Ao Vivo
  • Lata D'agua - Ao Vivo
  • Comportamento Geral - Ao Vivo
  • Se Acaso Voce Chegasse - Ao Vivo
  • Balanço Zona Sul - Ao Vivo
  • Malandro - Ao Vivo
  • A Carne - Ao Vivo
  • Volta Por Cima - Ao Vivo
  • Maria Da Vila Matilde - Ao Vivo
  • Saltei De Banda - Ao Vivo
  • Salve A Mocidade - Ao Vivo
  • Banho - Ao Vivo
  • Mulher Do Fim Do Mundo - Ao Vivo
Elza Soares (1930-2022) segue viva em suas canções e no legado eterno de sua contribuição para a cultura brasileira. Ela dizia que “Um país que não reconhece seus negros em vida, é um país póstumo”. Ela, que por décadas passadas foi barrada em hotéis de luxo, aos 91 anos realizou um sonho, reinando no Theatro Municipal de São Paulo. O registro, feito nos dias 17 e 18 de janeiro de 2022 (Elza faleceu no dia 20), foi transformado no disco e DVD Elza ao vivo no Municipal com o patrocínio de Natura Musical. O disco será lançado dia 13 de maio, dia de preto velho na umbanda e também de resistência ao racismo e aos abusos cometidos em mais de 300 anos de escravidão no Brasil, e o DVD com data a ser anunciada em breve. “Dia 13 era o dia em que Elza costumava reunir os amigos e cozinhar para eles um feijão especial”, lembra o empresário Pedro Loureiro. O projeto nasceu originalmente para ser gravado no Morro da Urca em 2020, quando veio a pandemia e teve que ser adiado. “Quando as coisas abrandaram, coincidentemente já estávamos na efeméride dos 100 anos da Semana de Arte Moderna. O que há de mais moderno 100 anos depois? Uma mulher, negra, periférica, que sofreu abusos e glórias, chegando aos 91 anos como rainha no Theatro Municipal de São Paulo! Foi assim que tudo começou a ser pensado!”, conta ele. “Não se trata de um trabalho com os principais clássicos da carreira de Elza, porque aí certamente chegaríamos a mais de 150 canções. São músicas que contam passagens de sua vida e como ela enxergava o mundo aos 91 anos. A princípio o repertório contaria com 22 músicas de todas as fases da carreira, mas chegou-se a uma seleção de 15”, explica ele. “Meu Guri” abre o disco e ganhou um clipe gravado na sala onde acontece a exposição Contramemória (em cartaz até o dia 5 de junho), parte da programação do centenário do movimento Modernista no Brasil. No vídeo inédito, a cantora dialoga, a partir de seu corpo, performance, músicas, vestes e adereços, com a própria estrutura do Theatro, tensionando assim a formalidade e o estilo neoacadêmico da construção. O clipe conta com o pianista Fábio Leandro ao piano. A direção geral é de Pedro Loureiro e a direção cinematográfica de Cassius Cordeiro. “Se acaso você chegasse" ganha uma versão inédita, com toques caribenhos que misturam samba com ritmos latinos. “Dura na queda”, “Lata d'Água” e “Volta por cima” aparecem quase biográficas na voz de Elza, como nos versos “Vagueia, devaneia, já apanhou à beça. Mas para quem sabe olhar, a flor também é ferida aberta e não se vê chorar”, “Lata d'água na cabeça é o estandarte que representa minha arte. Jogo de cena é a fome, negra sempre foi o meu nome”, “Reconhece a guerra, mas não desanima. Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima!”. “Maria da Vila Matilde” traz o compromisso da artista contra a violência às mulheres, “A Carne” denuncia o racismo estrutural presente na sociedade brasileira, a atualíssima “Comportamento Geral”, lançada em 1973 por Gonzaguinha (Elza foi a primeira artista do mainstream a gravá-lo), traz os versos: “Você deve notar que não tem mais tutu e dizer que não está preocupado, você deve lutar pela xepa da feira e dizer que está recompensado, você merece, você merece!”, enquanto “Banho” revela em sua letra facetas da personalidade de Elza: “Acordo maré, durmo cachoeira, embaixo sou doce, em cima, salgada”. Entre os sambas, foram escolhidos “Saltei de Banda”, “O Morro”, “Salve a Mocidade”, “Malandro” e “Balanço Zona Sul”. “Mulher do fim do mundo”, encerra o disco e tem um fim emocionante com um improviso: Elza a termina com um suspiro e a frase emblemática, à capela, “Me deixe cantar até o fim”. DVD Elza ao Vivo no Municipal O DVD, álbum visual documental com linguagem cinematográfica, começa com um drone sobrevoando a entrada do Theatro para ocupá-lo. Depois, a artista passa ao palco com os músicos, todos em círculo. Vestida de rainha, cuja coroa é um turbante (ela usa três ao longo da gravação), cantando ao lado de dois backing vocals, pretos, derramando sua voz e a pele preta nas veias da madeira de todo o espaço. “Vou me entranhar de uma maneira, que ninguém nunca mais vai me tirar daqui!”, disse ela. Elza está de dourado na primeira parte do trabalho, como se estivesse coberta de ouro, uma rainha Oxum. Na segunda fase, aparece totalmente de branco, cor que absorve e espalha todas as outras. Na terceira, em um figurino mais angelical, o turbante é hiper dimensionado, pegando da cabeça de Elza até o topo do Theatro “como uma conexão astral, como se ela carregasse o mundo em seu turbante!”, antecipa Loureiro. "Reunimos o melhor de todas as experiências anteriores que tivemos com Elza nos últimos 5 anos. Sempre que criamos um visual afrofuturista pra ela, inspirados nas rainhas nagô, a reverberação foi enorme. Dessa vez, fomos ainda mais longe na cenografia e nos figurinos. Mais de uma tonelada de placas de acrílico em recortes geométricos, em alusão a diferentes etnias africanas, foram dispostas como móbiles gigantes no teto do palco”, conta Allex Colontonio, diretor artístico do espetáculo. O registro “Elza ao vivo no Municipal” foi selecionado pelo programa Natura Musical, através do Edital 2020 - checar, ao lado de nomes como Linn da Quebrada, Bia Ferreira, Juçara Marçal, Kunumi MC, Rico Dalasam. Ao longo de 16 anos, Natura Musical já ofereceu recursos para mais de 140 projetos no âmbito nacional, como Lia de Itamaracá, Mariana Aydar, Jards Macalé. “Este projeto, assim como os demais selecionados pelo edital Natura Musical, tem a potência de gerar impacto positivo no ecossistema onde está inserido. Isso se traduz em ações de inclusão, sustentabilidade, apoio à diversidade e educação. São pilares fundamentais para as mudanças que desejamos vivenciar no mundo”, afirma Fernanda Paiva, Head of Global Cultural Branding.

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